sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

História da carochinha

Quando tinha tempo livre, ele sempre se animava a fazer algo com os filhos. A mulher, sempre fora por conta do trabalho, quase nunca participava desses momentos em família. Se tinha a sorte de chegar em meio de alguma dessas atividades, logo o cansaço a dominava e nao lhe deixava outra opçao que nao fosse ir à cama para dormir. Lembro quando ele pegava os pequenos e os ponia em sua cama. Ajeitava a cabeça de cada um em cada braço e começa a contar histórias incríveis, que nao tinham monstros, nem princesas, mas gente normal, que passava por apuros de verdade, que se via em meio a algum perigo mas logo aparecia alguém para ajudar-lhe. Contava histórias que nunca tinham fim porque os pequenos sempre dormiam antes de final. Se ele chegava da rua mais animado, entao a tarde ou a noite era de música, com ele ao violao e um pequeno sentado em cada joelho. O menino nao tinha muito jeito para cantar, mas a pequena era a afinaçao em pessoa e ele se sentia orgulhoso de ver nela sua véia artística ressaltada. Outro dia me peguei recordando essas cenas. Pude ver-me na pele daquela moreninha de pernas grossas e cabelos cacheados mas nao consegui lembrar de nenhuma história. Vai ver elas foram feitas para isso mesmo: para serem esquecidas. Ou simplesmente estao tao bem guardadas que nem eu mesma sei ao certo onde encontrar.

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